Democracia ruim das pernas

Por Cristovan Grazina *

 

Um choque! Sim, foi essa a impressão que muitos tiveram quando tomaram conhecimento da queda de Silvio Berlusconi na Itália e, posteriormente, sua substituição por um tecnocrata não legitimado por eleições. Grave! Objetivamente, temos o maior exemplo nos últimos tempos de que a democracia pode não estar com as pernas fortes como se imaginava até então.
Não que Berlusconi não tenha motivos (e como tem!) para ser criticado, que justificariam sua queda do poder. Até aí tudo bem! Mas, ser substituído por um “líder” não eleito... Mau sinal!


Fica evidente que a democracia, quando conduzida por homens ou mulheres descompromissados com o interesse público, se enfraquece, abrindo espaço para outros regimes que não levam em conta bem-estar social, desenvolvimento, igualdade ou diminuição da pobreza. Sendo assim, seguindo o raciocínio lógico, temos que nos esforçar ao máximo para trazermos para a política não novos “Berlusconis”, mas, sim, pessoas comprometidas com os interesses de toda a comunidade, seja do Brasil ou de cada Estado e município. Isso, para o nosso bem. Isso, pelo bem da democracia.


Nós, enquanto população, devemos nos aproximar cada vez mais da política e abandonar aquela visão preconceituosa de que “todo político é desonesto”, não nos deixar levar por conversas inflamadas, como eu vi num protesto na internet por esses dias, propondo que não devêssemos comparecer às eleições, fazendo isso como forma de protesto. Pois, o que na verdade as pessoas que aderirem ao movimento estão dizendo é “não reconheço a democracia como forma de governo”. Bom, daí para frente você mesmo já percebeu o quanto isso pode (já foi inclusive) ser perigoso.


Dito isso fica evidente nosso compromisso, enquanto sociedade, de nos empenharmos ao máximo na defesa do sistema democrático. Que nos esforcemos, tanto eleitos como eleitores, para que esse se faça cada vez mais forte no Brasil. Ao invés de ficarmos jogando críticas ao vento contra todo nosso sistema político, devemos nos lembrar que aquele político ideal, o qual podemos não ter encontrado ainda, aquele que o representará e fará sua voz ser ouvida, está em nenhum outro lugar que não dentro de você. Dentro de nós mesmos. Enquanto isso, aqueles que já ocupam cargos eleitos devem estar cientes de sua responsabilidade especial nesse período.


Vamos todos juntos participar cada vez mais da política! Não devemos nos envergonhar ou subestimar nosso potencial, pois os “Berlusconis” são destemidos e muito audaciosos, não pensam meia vez antes de entrarem no poder. Desse modo, a participação efetiva da população no trâmite democrático, não só nas eleições, mas em todas as oportunidades que surgirem, é imprescindível para a sobrevivência da democracia, definida certa vez por Winston Churchill como “a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos”.
Defender a democracia é mais que obrigação, é sobrevivência.

 

 

 

 

 

 

Cristovan Grazina - Editor do Canal Campinas
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