Campinas lidera ranking nacional de criatividade

30/03/2012 11:29

No entanto, cidade precisa melhorar muito em qualidade de vida

 

Um estudo minucioso elaborado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio - SP) mostra que Campinas é bem mais do que apenas um polo industrial forte: a cidade foi um dos destaques da primeira edição do Índice de Criatividade das Cidades, com o quarto lugar geral entre as 50 maiores cidades brasileiras - e no topo do indicador isolado. O primeiro lugar geral ficou com São Paulo. Em seguida, veio Porto Alegre, e na terceira posição ficou Belo Horizonte.

O objetivo do trabalho foi apontar o potencial das atividades ligadas a economia criativa no País, assunto ainda incipiente no Brasil. Os setores considerados dentro desse novo conceito estão ligados a ramos como o de fabricação de artefatos têxteis e tapeçaria; desenvolvimento de programas de computador sob encomenda; serviços de arquitetura; agências de publicidade; educação superior e profissional; gestão de espaços para artes cênicas, espetáculos e outras atividades artísticas; e atividades da área de tratamento de beleza e estéticos.

O estudo, que é inédito no Brasil, teve como base dados oficiais sobre emprego, renda per capita, número de empregados nos setores criativos, percentual do Produto Interno Bruto (PIB) de serviços e de pessoas com planos de saúde, vidas perdidas por violência, posse de computadores, saneamento básico e uma série de outras informações.

Por meio da análise desses números, foram criados os indicadores geral criativo, geral econômico e geral social. Para cada um deles, foi atribuída uma pontuação de zero a 100.

O resultado do desempenho nos três indicadores produziu o índice geral de cada cidade e de cada Estado - que baseia a posição que eles ocupam no ranking. O presidente do Conselho de Criatividade e Inovação da Fecomercio-SP, Adolfo Melito, afirmou que o índice foi criado para apresentar a competitividade dos setores ligados a economia criativa - mas também servirá para que Estados e municípios instituam políticas que possam dar suporte a esses negócios.

“O estudo avaliou os aspectos econômicos, sociais e a força de trabalho empregada nas atividades da economia criativa para definir um índice”, disse. O trabalho foi apresentado ontem, em São Paulo, com a presença da assessora em economia criativa da Organização das Nações Unidas (ONU), Ana Carla Fonseca Reis, e da subsecretária de economia criativa no Estado de São Paulo, Fernanda Bandeira de Mello.

Melito destacou que, em geral, os especialistas ligados às classes criativas têm remuneração médias mais elevadas. “O recorte do estudo foi feito com dados dos 27 Estados e das 50 cidades, conforme o PIB (Produto Interno Bruto). A análise mostra as cidades que têm a capacidade de reter os melhores talentos”, disse.

Desempenho
O presidente do Conselho de Criatividade e Inovação da Fecomercio-SP afirmou que Campinas apresentou um ótimo desempenho e que não foi surpresa a cidade ocupar o primeiro posto no indicador geral criativo.

“O município tem um pólo de desenvolvimento de tecnologia forte e também tem várias instituições de ensino. A geração de inovação e tecnologia foi parâmetro analisado no estudo”, comentou.

Mas o índice também apontou que Campinas precisa melhorar a qualidade de vida e a infraestrutura de atendimento ao cidadão. Neste quesito, ela está em um longinquo 16º lugar no índice geral social.

Melito ressaltou que a economia criativa trabalha com preceitos modernos como o espírito colaborativo e empresas que estimulem os seus talentos. “Economia criativa já é uma realidade em outras partes do mundo. No Brasil, entender e estimular as atividades ligadas a ela ainda é um fato muito incipiente”, comentou.

Melito disse que o fato de a Fecomercio-SP ter criado um setor para estudar a economia criativa e a elaboração do índice mostram a importância que o assunto ganha na economia moderna. “A iniciativa é relevante para a criação de políticas que garantam um crescimento sustentável da economia e estimulem novas formas de gerar valor e criar”, comentou.

O estudo apontou ainda que o Distrito Federal obteve o melhor índice entre os Estados. O segundo posto ficou com o Rio de Janeiro e o terceiro foi ocupado por São Paulo.

 
Por: Correio Popular