Querem calar a voz de Campinas.

Conseguirão?

 

A eleição de Pedro Serafim e a audiência pública realizada no IAC foram dois acontecimentos desta semana que evidenciaram o descaso com a opinião da população nas principais decisões quanto aos destinos do município. E isso não é de agora! Há algum tempo, presenciamos um ambiente de “coronelismo” na cidade, cristalizado durante o governo do nosso ex-ex-prefeito Hélio. O que vivemos atualmente se trata de um coroamento dessa situação, onde se intensificam os acontecimentos que maculam e atentam contra a democracia e a cidadania em Campinas.


Da eleição que decidiu qual seria o novo prefeito da cidade só restaram desapontamentos. Não só pelo fato das eleições terem sido indiretas, onde a participação da população é limitadíssima, mas outras peculiaridades agravam mais ainda essa crise de representatividade. Serafim, o novo chefe do executivo em Campinas, foi quem (juntamente com a mesa diretora da Câmara, na qual, na época, ocupava a presidência) propôs o aumento dos salários dos vereadores em 126% — medida extremamente impopular que o fez ser alvo de ovos durante sessão correspondente à aprovação do projeto. Além disso, integra o mesmo partido do ex-ex-prefeito Hélio, o que é, no mínimo, ultrajante, sendo que, dessa forma, não temos garantias de que o esquema de corrupção foi realmente superado dentro da cidade. Mesmo que os planos políticos de Serafim estejam alinhados com as intenções de alguns vereadores, com relação à população a situação é diferente: Possivelmente seu “filme está queimado”. Nem de longe pode ser considerado o modelo ideal de prefeito que a cidade deseja, e uma vitória nas eleições de outubro, caso concorra, está muito longe de ser plausível, segundo especialistas no tema.


Quanto a audiência pública no IAC para discussão do empreendimento a ser realizado pela ROSSI na região de Barão Geraldo, o desprezo à população ficou claro. Embora moradores do bairro estivessem protestando e se manifestando (antes e durante a própria audiência) contrários ao projeto — que levará para a localidade mais 24 mil pessoas para a região —, a construtora, como se nada estivesse acontecendo, preparou um show pirotécnico para a apresentação do início das obras, levando dois ônibus lotados de funcionários à reunião para baterem palma (espontaneamente - lógico), bem no estilo “já ganhamos”.


No dia do evento, uma faixa confeccionada pela ROSSI foi colocada na mesa de reunião onde constava: “Audiência Pública de APROVAÇÃO”. Como se o caso já estivesse decidido, coibindo qualquer DISCUSSÃO sobre a questão. Ainda que estivessem presentes na ocasião dezenas de membros de ONGs e associações de bairro que lá, unanimemente, rechaçaram a realização do empreendimento (que inclusive ameaça uma das últimas reservas de Mata Atlântica do Estado, a Mata de Santa Genebra), nenhuma garantia foi apresentada quanto ao atendimento das queixas e manifestações da comunidade de Barão Geraldo.


Fica claro que nós, enquanto população, estamos sem representatividade nas decisões importantes de Campinas. Os interesses das empreiteiras, dos partidos sedentos pelo poder e dos políticos corruptos são atendidos, porém os da população sempre são desconsiderados. Somos deixados de lado a todo momento. Muitos de nossos dirigentes públicos estão preocupados em se arranjar em cargos mais elevados, estenderem seus tentáculos no comando da cidade e pouco se preocupam em atender aos anseios da população. Isso é inaceitável. Cabe aos moradores de Campinas lutar pela mudança desse quadro! Afastar essa corja imunda que contamina a administração da cidade, possibilitando que Campinas se desenvolva em paz e alcance o progresso merecido. Colocando, sempre, as necessidades e desejos da população em primeiro lugar!

 

 

 

Cristovan Grazina
Integrante da Equipe do Canal Campinas
cristovangrazina@gmail.com